Na
busca por materiais diversificados sobre a formação de professores e internet,
encontramos neste artigo (que reproduzimos abaixo) uma breve descrição histórica de como ocorreu a
evolução dos meios de comunicação, em especial a internet, tirando o professor
pesquisador de uma postura de mero receptor e elucidando-o na escolha das
informações buscadas. Mostra um novo olhar para a internet como uma maneira de aprender
e ensinar.
Vale
a pena conferir!
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Fonte da Imagem |
Internet
e Educação
As
implicações sociais das
tecnologias de comunicação
são inevitáveis, pois a
comunicação encontra-se no centro de toda experiência individual e social e dá
origem a nossa relação com
o mundo e
com o outro.
É através das
diversas formas de se
comunicar que o
homem consegue se
organizar em sociedade,
estabelecendo leis de convivência, firmando e transmitindo
valores e conhecimentos.
A invenção do alfabeto na antiguidade, a
invenção da imprensa no século XVI e o surgimento do telefone, do rádio
e da televisão, nos
séculos XIX e
XX, possibilitaram novas formas
de comunicação e ampliaram as possibilidades de difusão da informação,
influenciando ou modificando,
direta ou indiretamente, as
estruturas sociais de
cada época. Na civilização
ocidental, o processo
de democratização da
informação foi uma das condições fundamentais para a
emergência da sociedade moderna, constituindo uma das bases da cultura dessa
civilização (WOLTON, 2003).
No final do século XX, com os avanços na
computação e nas telecomunicações, a Internet desponta como tecnologia de
comunicação, e se expande muito rapidamente em curto espaço de tempo.
É
um imenso sistema
de redes que
interliga computadores em
todo o mundo. Computadores pessoais
ou redes locais
são conectados a
provedores de acesso,
que se ligam a
redes regionais que,
por sua vez,
se unem a redes nacionais
e internacionais através de
linhas telefônicas comuns,
linhas de comunicação
privadas, cabos submarinos,
canais de satélite e outros meios de telecomunicação.
Nesse emaranhado de computadores e redes,
as informações em forma de textos, sons e imagens circulam
livremente e podem ser recuperadas ou compartilhadas a partir de qualquer
ponto de conexão,
que nos dias
de hoje não
é exclusividade dos computadores fixos.
Atualmente é possível
acessar a Internet
através de telefones celulares e outros dispositivos
móveis.
A influência das redes baseadas na Internet
tem implicações diretas sobre a forma como
as atividades econômicas,
sociais, políticas e
culturais essenciais por
todo o planeta vem sendo
estruturadas pela Internet e em torno dela (CASTELLS, 2003; p. 08).
Wolton
(2003), vê com
reservas a massificação
e a supervalorização das
novas tecnologias de comunicação, e em especial da Internet. Segundo
ele, não se pode reduzir a comunicação a um acontecimento técnico, nem supor
que a inovação técnica, como é o
caso da Internet,
sempre mais rápida
que a inovação
cultural ou social,
é suficiente para modificar o
estatuto geral da sociedade.
Mesmo
assim, não se
pode negar que
as possibilidades de
utilização da Internet, juntamente com
as demandas da
sociedade e as
exigências da economia
global, continuam tendo papel
importante na transição para
uma nova forma
de sociedade e para uma nova economia.
Mas o que diferencia a Internet das demais
tecnologias de comunicação?
De
forma diferente das
inovações tecnológicas anteriores,
ela integra as
várias formas de comunicação
- escrita, oral
e audiovisual - numa mesma
rede interativa mundial, que
possibilita o compartilhamento de informações e a comunicação de muitos com
muitos em tempo real, rompendo as barreiras geográficas de espaço e tempo.
Outro
fato é que,
a comunicação via
Internet não precisa
ocorrer em um só
sentido, como em outros meios de comunicação (televisão, rádio, jornal). Cada
usuário pode traçar seu
próprio caminho para o acesso
aos conteúdos, e
decidir quais informações quer
receber, deixando de
lado a postura
do receptor passivo
(espectador). Também é possível
que apenas uma
pessoa, utilizando poucos
recursos e sem
grandes custos,
disponibilize na rede,
conteúdos que estarão
acessíveis a um
número elevado de pessoas,
o que antes
era possível apenas
para grandes corporações
da indústria da comunicação.
A estrutura de rede, que é a base da Internet
e que possibilita a comunicação mediada por computador (CMC), abriu espaço para
o surgimento de comunidades virtuais, que são redes de
comunicação interativa organizadas
de acordo com
interesses comuns, compartilhando
informações e idéias. A Internet junto
com outras tecnologias
passam a constituir
as ferramentas indispensáveis na
produção de riqueza,
no exercício do
poder e na
criação de novos códigos culturais.
Ainda
assim, um dos
maiores desafios é
democratizar o acesso
aos recursos tecnológicos e
possibilitar a todo cidadão uma alfabetização tecnológica, aqui entendida
como o
desenvolvimento das capacidades
necessárias para fazer
uso desses recursos. Para utilizar
a Internet é
necessário que o
usuário tenha uma
série de conhecimentos
e capacidades, que implicam
em um nível
razoável de instrução.
Esses e outros
fatores, como a falta
de infra-estrutura tecnológica
e a rapidez
com que a
Internet avança, têm contribuído para a instalação de um
processo de exclusão digital.
A Internet
é de fato uma
tecnologia da liberdade
– mas pode
libertar os poderosos para
oprimir os desinformados, pode
levar à exclusão
dos desvalorizados pelos conquistadores do valor. (CASTELLS, 2003,
p.225)
Embora o número de usuários tenha crescido
muito rapidamente em poucos anos, isso
não significa que
tenha se dado
de forma homogênea
entre as diferentes
classes sociais. Os centros
urbanos e os
grupos sociais com
maior nível educacional representam a
maioria maciça dos
que têm acesso
à rede. Além
disso, esse número ainda é mínimo, se comparado à
população mundial.
O
grande desafio está
em alterar esse
rumo e tornar
a Internet um
instrumento para o desenvolvimento dos
menos favorecidos, conforme
afirma Castells (2003). Certamente isso só é possível a
partir da democratização da informação, o que nos remete a questões mais
profundas, que vão
além da garantia
de acesso a
toda a população.
O atendimento às necessidades
básicas, como educação
de qualidade, por
exemplo, além de forte ação dos Estados, com ações públicas
nacionais e internacionais, precisam estar no contexto das estratégias de
desenvolvimento mais amplo.
Nessa
perspectiva, é fundamental
que os espaços
educacionais se constituam como lugar
de acesso, produção
e disseminação da
informação, e desse
modo não se pode
pensar a escola
desprovida das tecnologias
de comunicação e
informação, principalmente do computador e do acesso à Internet. É
fundamental que a escola esteja integrada
ao universo digital,
com infra-estrutura adequada
de equipamentos e
serviços de qualidade. Entretanto, é preciso ir além. Segundo Kenski
(2003, p. 73),
Para que
as novas tecnologias
não sejam vistas
como apenas mais
um modismo, mas com
a relevância e o
poder educacional que elas possuem,
é preciso refletir sobre o processo de ensino de maneira global. Antes
de tudo, é necessário que todos estejam conscientes e preparados
para assumir novas perspectivas
filosóficas, que contemplem
visões inovadoras de
ensino e de escola,
aproveitando-se das amplas
possibilidades comunicativas e informativas das novas tecnologias, para a
concretização de um ensino crítico e transformador de qualidade.
Acreditamos
que a utilização
da Internet na
educação pode ser
um caminho para novas
formas de ensinar e aprender. A Internet na sala de
aula, amplia as possibilidades de
comunicação e de
acesso às informações
e permite que
os alunos desenvolvam modos próprios
de organizá-las e
recuperá-las quando se fizer necessário. Isso significa
estar no
processo de construção
do conhecimento como
ator, e não
como mero espectador.
Trazer a Internet para a sala de aula
significa, para o professor, abrir espaço para o diverso, o
não controlado, o desconhecido, o desordenado. Como explorar
esse mar de possibilidades?
Magdalena & Costa (2003) propõe discutir
a Internet como uma terra virtual, que pode
ser visitada ou
habitada. Visitar caracteriza
o uso da
Internet como espaço
para busca e pesquisa de informações, entrando em espaços construídos
por outros e acessar o conteúdo ali
disponível. A possibilidade
de habitar essa
terra virtual é
vislumbrada através da composição
de grupos de
pessoas fisicamente localizados
em espaços contextuais diferentes,
muitas vezes distantes,
e que por
isso mesmo, trazem
para o ciberespaço peculiaridades que
garantem a riqueza
da diversidade e,
ao mesmo tempo, podem favorecer a permanência dos
valores e dos saberes das culturas locais.
As
autoras utilizam também,
a metáfora de
um oceano por
cujas ondas podemos surfar, para descrever o que pode
ocorrer quando a Internet é pensada como espaço para busca e pesquisa de
informações.
Surfar
na Internet em
busca de informações
e selecioná-las nos
diferentes endereços encontrados pode
colocar nossos alunos
diante de enormes desafios: manter
o fio da
meada ou perder-se
nele; descobrir que
existem temas relacionados, ou
até insuspeitados; deparar-se
com enfoques divergentes ou
com diferentes níveis
de complexidade; decidir,
dentre o material acessado, o
que vale a pena ler de
forma mais detida e o que
não vale o esforço,
que fragmento (s)
da leitura selecionar
e guardar para
uso futuro, como organizar
essa seleção para
uso posterior. [...]
Outro desafio para
o aluno é reunir
essas informações e
produzir algo próprio, ser autor. (Magdalena & Costa, 2003; p. 55)
Como
qualquer outra tecnologia,
o valor da
Internet na educação
depende em grande parte
da forma como seu uso é implementado. Algumas
experiências com o uso da Internet na
sala de aula,
nos diferentes níveis
de ensino, vêm
sendo desenvolvidas e relatadas
por professores e
pesquisadores, mas ainda
são muitas as
questões a serem investigadas sobre
seu potencial pedagógico.
A utilização pedagógica
da Internet, nos diversos níveis de ensino, é um trabalho
em construção.
Fontes:
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