terça-feira, 11 de novembro de 2014

Formação de Professores e a Internet



          Na busca por materiais diversificados sobre a formação de professores e internet, encontramos neste artigo (que reproduzimos abaixo) uma breve descrição histórica de como ocorreu a evolução dos meios de comunicação, em especial a internet, tirando o professor pesquisador de uma postura de mero receptor e elucidando-o na escolha das informações buscadas. Mostra um novo olhar para a internet como uma maneira de aprender e ensinar.
Vale a pena conferir!

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Internet e Educação
As  implicações  sociais  das  tecnologias  de  comunicação  são  inevitáveis,  pois  a comunicação encontra-se no centro de toda experiência individual e social e dá origem a nossa  relação  com  o  mundo  e  com  o  outro.  É  através  das  diversas  formas  de  se comunicar  que  o  homem  consegue  se  organizar  em  sociedade,  estabelecendo  leis  de convivência, firmando e transmitindo valores e conhecimentos.
A invenção do alfabeto na antiguidade, a invenção da imprensa no século XVI e o surgimento do telefone,  do rádio  e  da televisão,  nos  séculos  XIX  e  XX,  possibilitaram novas formas de comunicação e ampliaram as possibilidades de difusão da informação, influenciando  ou  modificando,  direta  ou  indiretamente,  as  estruturas  sociais  de  cada época.  Na  civilização  ocidental,  o  processo  de  democratização  da  informação  foi  uma das condições fundamentais para a emergência da sociedade moderna, constituindo uma das bases da cultura dessa civilização (WOLTON, 2003).
No final do século XX, com os avanços na computação e nas telecomunicações, a Internet desponta como tecnologia de comunicação, e se expande muito rapidamente em curto espaço de tempo.
É  um  imenso  sistema  de  redes  que  interliga  computadores  em  todo  o  mundo. Computadores  pessoais  ou  redes  locais  são  conectados  a  provedores  de  acesso,  que  se ligam  a  redes  regionais  que,  por  sua  vez,  se  unem  a  redes  nacionais  e  internacionais através  de  linhas  telefônicas  comuns,  linhas  de  comunicação  privadas,  cabos submarinos, canais de satélite e outros meios de telecomunicação.
Nesse emaranhado de computadores e redes, as  informações em  forma de textos, sons e imagens circulam livremente e podem ser recuperadas ou compartilhadas a partir de  qualquer  ponto  de  conexão,  que  nos  dias  de  hoje  não  é  exclusividade  dos computadores  fixos.  Atualmente  é  possível  acessar  a  Internet  através  de  telefones celulares e outros dispositivos móveis.
A influência das redes baseadas na Internet tem implicações diretas sobre a forma como  as  atividades  econômicas,  sociais,  políticas  e  culturais  essenciais  por  todo  o planeta vem sendo estruturadas pela Internet e em torno dela (CASTELLS, 2003; p. 08).
Wolton  (2003),    com  reservas  a  massificação  e  a  supervalorização  das  novas tecnologias de comunicação, e em especial da Internet. Segundo ele, não se pode reduzir a comunicação a um acontecimento técnico, nem supor que a inovação técnica, como é o  caso  da  Internet,  sempre  mais  rápida  que  a  inovação  cultural  ou  social,  é  suficiente para modificar o estatuto geral da sociedade.
Mesmo  assim,  não  se  pode  negar  que  as  possibilidades  de  utilização  da  Internet, juntamente  com  as  demandas  da  sociedade  e  as  exigências  da  economia  global, continuam  tendo  papel  importante  na  transição  para  uma  nova  forma  de  sociedade  e para uma nova economia.
Mas o que diferencia a Internet das demais tecnologias de comunicação?
De  forma  diferente  das  inovações  tecnológicas  anteriores,  ela  integra  as  várias formas  de  comunicação  -  escrita,  oral  e  audiovisual  -  numa  mesma  rede  interativa mundial, que possibilita o compartilhamento de informações e a comunicação de muitos com muitos em tempo real, rompendo as barreiras geográficas de espaço e tempo.
Outro  fato  é  que,  a  comunicação  via  Internet  não  precisa  ocorrer  em  um  só sentido, como em outros meios de comunicação (televisão, rádio, jornal). Cada usuário pode  traçar  seu  próprio  caminho  para  o  acesso  aos  conteúdos,  e  decidir  quais informações  quer  receber,  deixando  de  lado  a  postura  do  receptor  passivo  (espectador). Também  é  possível  que  apenas  uma  pessoa,  utilizando  poucos  recursos  e  sem  grandes custos,  disponibilize  na  rede,  conteúdos  que  estarão  acessíveis  a  um  número  elevado  de pessoas,  o  que  antes  era  possível  apenas  para  grandes  corporações  da  indústria  da comunicação.
A estrutura de rede, que é a base da Internet e que possibilita a comunicação mediada por computador (CMC), abriu espaço para o surgimento de comunidades virtuais, que são redes  de  comunicação  interativa  organizadas  de  acordo  com  interesses  comuns, compartilhando informações e idéias. A  Internet  junto  com  outras  tecnologias  passam  a  constituir  as  ferramentas indispensáveis  na  produção  de  riqueza,  no  exercício  do  poder  e  na  criação  de  novos códigos culturais.
Ainda  assim,  um  dos  maiores  desafios  é  democratizar  o  acesso  aos  recursos tecnológicos e possibilitar a todo cidadão uma alfabetização tecnológica, aqui entendida como  o  desenvolvimento  das  capacidades  necessárias  para  fazer  uso  desses  recursos. Para  utilizar  a  Internet  é  necessário  que  o  usuário  tenha  uma  série  de  conhecimentos  e capacidades,  que  implicam  em  um  nível  razoável  de  instrução.  Esses  e  outros  fatores, como  a  falta  de  infra-estrutura  tecnológica  e  a  rapidez  com  que  a  Internet  avança,  têm contribuído para a instalação de um processo de exclusão digital.
A  Internet  é  de  fato  uma  tecnologia  da  liberdade    mas  pode  libertar  os poderosos  para  oprimir  os  desinformados,  pode  levar  à  exclusão  dos desvalorizados pelos conquistadores do valor. (CASTELLS, 2003, p.225)

Embora o número de usuários tenha crescido muito rapidamente em poucos anos, isso  não  significa  que  tenha  se  dado  de  forma  homogênea  entre  as  diferentes  classes sociais.  Os  centros  urbanos  e  os  grupos  sociais  com  maior  nível  educacional representam  a  maioria  maciça  dos  que  têm  acesso  à  rede.  Além  disso,  esse  número ainda é mínimo, se comparado à população mundial.
O  grande  desafio  está  em  alterar  esse  rumo  e  tornar  a  Internet  um  instrumento para  o  desenvolvimento  dos  menos  favorecidos,  conforme  afirma  Castells  (2003). Certamente isso só é possível a partir da democratização da informação, o que nos remete a questões  mais  profundas,  que  vão  além  da  garantia  de  acesso  a  toda  a  população.  O atendimento  às  necessidades  básicas,  como  educação  de  qualidade,  por  exemplo,  além  de forte ação dos Estados, com ações públicas nacionais e internacionais, precisam estar no contexto das estratégias de desenvolvimento mais amplo.
Nessa  perspectiva,  é  fundamental  que  os  espaços  educacionais  se  constituam como  lugar  de  acesso,  produção  e  disseminação  da  informação,  e  desse  modo  não  se pode  pensar  a  escola  desprovida  das  tecnologias  de  comunicação  e  informação, principalmente do computador e do acesso à Internet. É fundamental que a escola esteja integrada  ao  universo  digital,  com  infra-estrutura  adequada  de  equipamentos  e  serviços de qualidade. Entretanto, é preciso ir além. Segundo Kenski (2003, p. 73),
Para  que  as  novas  tecnologias  não  sejam  vistas  como  apenas  mais  um modismo,  mas  com  a  relevância  e o  poder educacional  que elas  possuem,  é preciso refletir sobre o processo de ensino de maneira global. Antes de tudo, é  necessário  que todos estejam conscientes e preparados para assumir novas perspectivas  filosóficas,  que  contemplem  visões  inovadoras  de  ensino  e  de escola,  aproveitando-se  das  amplas  possibilidades  comunicativas  e informativas das novas tecnologias, para a concretização de um ensino crítico e transformador de qualidade. 

Acreditamos  que  a  utilização  da  Internet  na  educação  pode  ser  um  caminho  para novas  formas  de  ensinar e aprender. A Internet na sala de aula, amplia as possibilidades de  comunicação  e  de  acesso  às  informações  e  permite  que  os  alunos  desenvolvam modos  próprios  de  organizá-las  e  recuperá-las  quando  se fizer necessário. Isso significa estar  no  processo  de  construção  do  conhecimento  como  ator,  e  não  como  mero espectador.
Trazer a Internet para a sala de aula significa, para o professor, abrir espaço para o diverso,  o  não  controlado,  o desconhecido, o desordenado. Como explorar esse mar de possibilidades?
Magdalena & Costa (2003) propõe discutir a Internet como uma terra virtual, que pode  ser  visitada  ou  habitada.  Visitar  caracteriza  o  uso  da  Internet  como  espaço  para busca e pesquisa de informações, entrando em espaços construídos por outros e acessar o  conteúdo  ali  disponível.  A  possibilidade  de  habitar  essa  terra  virtual  é  vislumbrada através  da  composição  de  grupos  de  pessoas  fisicamente  localizados  em  espaços contextuais  diferentes,  muitas  vezes  distantes,  e  que  por  isso  mesmo,  trazem  para  o ciberespaço  peculiaridades  que  garantem  a  riqueza  da  diversidade  e,  ao  mesmo  tempo, podem favorecer a permanência dos valores e dos saberes das culturas locais.
As  autoras  utilizam  também,  a  metáfora  de  um  oceano  por  cujas  ondas  podemos surfar, para descrever o que pode ocorrer quando a Internet é pensada como espaço para busca e pesquisa de informações.
Surfar na  Internet  em  busca  de  informações  e  selecioná-las  nos  diferentes endereços  encontrados  pode  colocar  nossos  alunos  diante  de  enormes desafios:  manter  o  fio  da  meada  ou  perder-se  nele;  descobrir  que  existem temas  relacionados,  ou  até  insuspeitados;  deparar-se  com  enfoques divergentes  ou  com  diferentes  níveis  de  complexidade;  decidir,  dentre  o material acessado, o que  vale a pena  ler  de forma mais detida  e  o que  não vale  o  esforço,  que  fragmento  (s)  da  leitura  selecionar  e  guardar  para  uso futuro,  como  organizar  essa  seleção  para  uso  posterior.  [...]  Outro  desafio  para  o  aluno  é reunir  essas  informações  e  produzir algo próprio,  ser  autor. (Magdalena & Costa, 2003; p. 55)

Como  qualquer  outra  tecnologia,  o  valor  da  Internet  na  educação  depende  em grande  parte  da  forma  como seu uso é implementado. Algumas experiências com o uso da  Internet  na  sala  de  aula,  nos  diferentes  níveis  de  ensino,  vêm  sendo  desenvolvidas  e relatadas  por  professores  e  pesquisadores,  mas  ainda  são  muitas  as  questões  a  serem investigadas  sobre  seu  potencial  pedagógico.  A  utilização  pedagógica  da  Internet,  nos diversos níveis de ensino, é um trabalho em construção.


Fontes:

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